Primeira Parte

A Profissão de Fé

Introdução

Aqueles que, pela fé e pelo Batismo, pertencem a Cristo devem confessar sua fé batismal diante dos homens. Por isso, o Catecismo começa por expor em que consiste a Revelação, pela qual Deus se dirige e se doa ao homem, bem como na fé, pela qual o homem responde a Deus (seção I). O Símbolo da fé resume os dons que Deus, como Autor de todo bem, como Redentor, como Santificador, outorga ao homem e os articula entorno dos “três capítulos” de nosso Batismo - a fé em um só Deus:

  • o Pai Todo-Poderoso, o Criador;
  • Jesus Cristo, seu Filho, nosso Senhor e Salvador;
  • o Espírito Santo, na Santa Igreja (seção II).

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Subsecções de Primeira Parte

Primeira Seção

“Eu Creio” - “Nós Cremos”

Introdução

Ao professarmos nossa fé, iniciamos com as palavras “Creio” ou “Cremos”. Antes de expor a fé da Igreja conforme é confessada no Credo, celebrada na liturgia, vivida nos mandamentos e expressa na oração, é fundamental refletir sobre o significado de “crer”.

A fé é a resposta do homem a Deus, que se revela e se oferece a ele, trazendo luz abundante à busca humana pelo sentido último da vida.

Portanto, começamos considerando essa busca do homem (capítulo primeiro), depois a Revelação divina pela qual Deus vem ao encontro do homem (capítulo segundo) e, finalmente, a resposta da fé (capítulo terceiro).​


Este parágrafo serve como introdução à Primeira Parte do Catecismo, intitulada “A Profissão da Fé”, e estabelece o plano para os capítulos subsequentes:​

  • A busca do homem por Deus: Explora o desejo humano intrínseco de conhecer e se relacionar com Deus.​

  • A Revelação divina: Descreve como Deus se revela ao homem, culminando na pessoa de Jesus Cristo.​

  • A resposta da fé: Analisa como o homem responde à Revelação de Deus através da fé.​


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Subsecções de Primeira Seção (26)

Capítulo I

O Homem é ‘Capaz’ de Deus

I. O Desejo de Deus

O desejo de Deus é inscrito no coração humano, pois o homem foi criado por Deus e para Deus. Deus nunca cessa de atrair o homem para Si, e só em Deus o homem encontrará a verdade e a felicidade que busca incessantemente. Desde os primórdios, os homens expressaram sua busca por Deus através de diversas formas religiosas. Apesar das ambiguidades, essas expressões são universais, indicando que o homem é, por natureza, um ser religioso. Contudo, essa relação íntima com Deus pode ser esquecida ou rejeitada por diversas razões, como a revolta diante do mal, a ignorância, as preocupações mundanas, o mau exemplo de crentes, correntes de pensamento hostis à religião e o pecado. Mesmo assim, Deus continua a chamar o homem para que O procure e encontre vida e felicidade. Essa busca exige esforço da inteligência, retidão da vontade, um coração reto e o testemunho de outros que ensinam a procurar Deus.​

II. Os Caminhos de Acesso ao Conhecimento de Deus

Criado à imagem de Deus, o homem é chamado a conhecê-Lo e amá-Lo. Na busca por Deus, o homem descobre caminhos para conhecê-Lo, também chamados de “provas da existência de Deus”. Essas provas não são científicas, mas argumentos convergentes e convincentes que levam a certezas. Dois caminhos principais são:​

  • O Mundo: A partir do movimento, da contingência, da ordem e da beleza do mundo, pode-se conhecer Deus como origem e fim do universo.​

  • O Homem: Com sua abertura à verdade e à beleza, senso moral, liberdade e consciência, o homem se questiona sobre a existência de Deus. Essas aberturas revelam sinais de sua alma espiritual, que só pode ter origem em Deus.​

As faculdades humanas permitem conhecer a existência de um Deus pessoal. Contudo, para entrar em intimidade com Ele, Deus quis revelar-Se ao homem e dar-lhe a graça de acolher essa revelação com fé. As provas da existência de Deus podem dispor o homem para a fé e ajudá-lo a perceber que a fé não se opõe à razão.​

III. O Conhecimento de Deus Segundo a Igreja

A Santa Igreja ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana, a partir das coisas criadas. Sem essa capacidade, o homem não poderia acolher a revelação de Deus. Contudo, nas condições históricas em que se encontra, o homem enfrenta muitas dificuldades para conhecer Deus apenas com a razão. Por isso, é necessário que Deus se revele ao homem.​

IV. Como Falar de Deus?

Diante da grandeza de Deus, o homem deve purificar constantemente sua linguagem de tudo o que é limitado, imperfeito e inadequado. Embora nossa linguagem seja humana, ela realmente exprime Deus, mas de modo analógico. Entre o Criador e a criatura não se pode assinalar uma semelhança tão grande que a diferença entre eles não seja ainda maior. Por isso, ao falar de Deus, usamos analogias, reconhecendo que nossa linguagem é sempre inadequada para exprimir plenamente o mistério divino.


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Capítulo II

Deus vem ao encontro do homem

Introdução

Embora o homem possa conhecer Deus com certeza pela razão natural, observando as suas obras, existe uma ordem de conhecimento que está além da capacidade humana: a da Revelação divina. Por uma vontade absolutamente livre, Deus revela-Se e dá-Se ao homem, manifestando o seu mistério e o desígnio benevolente que, desde toda a eternidade, estabeleceu em Cristo, em favor de todos os homens. Este desígnio é plenamente revelado com o envio do seu Filho bem-amado, nosso Senhor Jesus Cristo, e do Espírito Santo.​


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Subsecções de Capítulo II (50)

Artigo 1

A Revelação de Deus

I. Deus revela o seu desígnio benevolente

Deus, em sua sabedoria e bondade, decidiu revelar-Se e dar a conhecer o mistério de Sua vontade, segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina. Deus deseja comunicar Sua própria vida divina aos homens que criou livremente, para fazer deles, em Seu Filho único, filhos adotivos. Revelando-Se, Deus quer tornar os homens capazes de Lhe responder, de O conhecerem e de O amarem, muito além do que seriam capazes por si próprios.​

O desígnio divino da Revelação realiza-se por meio de ações e palavras, intrinsecamente relacionadas entre si e que se esclarecem mutuamente. Deus comunica-Se gradualmente ao homem, preparando-o por etapas para receber a Revelação sobrenatural que faz de Si próprio, culminando na Pessoa e missão do Verbo encarnado, Jesus Cristo.​

II. As etapas da Revelação
Desde a origem, Deus dá-Se a conhecer

Desde o princípio, Deus manifestou-Se aos nossos primeiros pais, convidando-os a uma comunhão íntima consigo, revestindo-os de graça e justiça resplandecentes. Mesmo após o pecado original, Deus não os abandonou, prometendo redenção e dando-lhes esperança de salvação. Deus cuidou continuamente da humanidade, para dar vida eterna a todos os que perseveram na prática das boas obras.​

A aliança com Noé

Após a desunião causada pelo pecado, Deus procurou salvar a humanidade intervindo com cada uma de suas partes. A aliança com Noé, após o dilúvio, expressa o princípio da economia divina em relação às “nações”, ou seja, aos homens reagrupados por países, línguas, famílias e nações. Essa aliança permanece em vigor enquanto durar o tempo das nações, até à proclamação universal do Evangelho.​ Vaticano

Deus elege Abraão

Para reunir a humanidade dispersa, Deus escolhe Abrão, chamando-o para deixar sua terra e prometendo fazer dele “pai de uma multidão de nações”. O povo descendente de Abraão será o depositário da promessa feita aos patriarcas, o povo eleito, chamado a preparar a reunião de todos os filhos de Deus na unidade da Igreja.​

Deus forma o seu povo Israel

Deus formou Israel como seu povo, revelando-Se a ele por meio de Moisés e dando-lhe a Lei, para que reconhecesse a Deus como único Senhor e esperasse o Salvador prometido. Os profetas anunciaram uma redenção radical do povo, uma purificação de todas as suas infidelidades, uma salvação que incluiria todas as nações. Acima de tudo, os pobres e humildes do Senhor carregaram essa esperança.​

III. Cristo Jesus – Mediador e plenitude de toda a Revelação

Deus disse tudo em Seu Filho único, Jesus Cristo, que é a Palavra definitiva do Pai. Cristo, sendo o Filho eterno de Deus feito homem, é a plenitude de toda a Revelação. Não haverá outra revelação após Ele.


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Artigo 2

A transmissão da revelação divina

I. A Tradição Apostólica

Deus deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Para isso, Cristo deve ser anunciado a todos os povos. Cristo confiou aos Apóstolos a missão de pregar o Evangelho, comunicando-lhes os dons divinos. Esta transmissão do Evangelho ocorreu de duas formas: oralmente, através da pregação dos Apóstolos, e por escrito, por meio dos textos inspirados. A pregação apostólica foi transmitida por sucessores, garantindo a continuidade da fé. A Tradição viva da Igreja assegura que a Palavra de Deus permaneça presente e ativa, com o Espírito Santo guiando os crentes à verdade plena.​

II. A Relação entre a Tradição e a Sagrada Escritura

A Tradição Sagrada e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas, derivando da mesma fonte divina. A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus escrita por inspiração divina, enquanto a Tradição conserva e transmite a Palavra de Deus confiada por Cristo aos Apóstolos. Ambas constituem o depósito sagrado da Palavra de Deus, confiado à Igreja.​

III. O Magistério da Igreja

A interpretação autêntica da Palavra de Deus, escrita ou transmitida, foi confiada ao Magistério vivo da Igreja, exercido pelos bispos em comunhão com o Papa. Este Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas a serve, ensinando apenas o que foi transmitido. Os fiéis devem acolher com docilidade os ensinamentos de seus pastores, reconhecendo que quem os escuta, escuta a Cristo.​

IV. O Sentido Sobrenatural da Fé

Todos os fiéis participam na compreensão e transmissão da verdade revelada, graças à unção do Espírito Santo. Este sentido da fé permite ao povo de Deus aderir indefectivelmente à fé, penetrá-la mais profundamente e aplicá-la na vida.​

V. O Crescimento na Inteligência da Fé

A inteligência das realidades e palavras do depósito da fé pode crescer na vida da Igreja através da contemplação e estudo dos crentes, da inteligência interior das coisas espirituais e da pregação daqueles que receberam o carisma da verdade.​ Vaticano

VI. A Inter-relação entre Tradição, Escritura e Magistério

A Tradição Sagrada, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja estão de tal maneira ligados que nenhum pode subsistir sem os outros. Todos juntos contribuem eficazmente para a salvação das almas.​

VII. Resumo

Cristo confiou aos Apóstolos a missão de transmitir o Evangelho, que foi perpetuado pela pregação e escritos sob a inspiração do Espírito Santo.​

  • A Tradição Sagrada e a Sagrada Escritura formam um único depósito sagrado da Palavra de Deus.​

  • A Igreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite tudo o que é e acredita.​

  • Graças ao sentido sobrenatural da fé, o povo de Deus acolhe, penetra e vive mais plenamente o dom da Revelação divina.​

  • A interpretação autêntica da Palavra de Deus é confiada ao Magistério da Igreja, ao Papa e aos bispos em comunhão com ele.​


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Artigo 3

A Sagrada Escritura

I. Cristo – Palavra única da Sagrada Escritura

Deus, em sua bondade, revelou-Se aos homens falando-lhes em palavras humanas. Assim como o Verbo eterno do Pai assumiu a carne da fraqueza humana, as palavras de Deus expressas por línguas humanas tornaram-se semelhantes à linguagem humana. Por meio de todas as palavras da Sagrada Escritura, Deus pronuncia uma só Palavra, seu Verbo único, no qual se expressa por inteiro. A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras como venera também o Corpo do Senhor, apresentando aos fiéis o Pão da vida tomado da Mesa da Palavra de Deus e do Corpo de Cristo. Na Sagrada Escritura, a Igreja encontra incessantemente seu alimento e sua força, pois nela não acolhe somente uma palavra humana, mas o que ela é realmente: a Palavra de Deus.​

II. Inspiração e verdade da Sagrada Escritura

Deus é o autor da Sagrada Escritura, tendo inspirado os autores humanos dos livros sagrados. Para compor os livros sagrados, Deus escolheu homens que, usando suas próprias faculdades e capacidades, escreveram tudo o que Deus queria que fosse escrito. Os livros inspirados ensinam a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fosse consignada nas Sagradas Escrituras. A fé cristã não é uma “religião do Livro”, mas da Palavra de Deus, que não é uma palavra escrita e muda, mas o Verbo encarnado e vivo. A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada à luz do mesmo Espírito que a inspirou.​

III. O Espírito Santo, intérprete da Escritura

A Igreja, ao interpretar a Escritura, deve considerar o conteúdo e a unidade de toda a Escritura, a Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé. As Escrituras devem ser lidas com atenção ao conteúdo e à unidade de toda a Escritura, pois a diversidade dos livros não se opõe à unidade da fé. A Tradição viva da Igreja e a analogia da fé são critérios essenciais para a interpretação correta das Escrituras.​

IV. O Cânon das Escrituras

Foi a Tradição Apostólica que levou a Igreja a discernir quais os escritos que deviam ser contados na lista dos livros sagrados. Esta lista integral é chamada “Cânon” das Escrituras. Comporta, para o Antigo Testamento, 46 (45, se se contar Jeremias e as Lamentações como um só) escritos, e, para o Novo, 27. Os quatro Evangelhos ocupam um lugar central, já que Cristo Jesus é o centro deles. A unidade dos dois Testamentos decorre da unidade do projeto de Deus e de sua Revelação. O Antigo Testamento prepara o Novo, ao passo que este último cumpre o Antigo; os dois se iluminam reciprocamente; os dois são verdadeira Palavra de Deus.​

V. A Sagrada Escritura na vida da Igreja

A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor: ambos alimentam e dirigem toda a vida cristã. “Tua Palavra é a lâmpada para meus pés, e luz para meu caminho” (Sl 119,105).


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Capítulo III

A resposta do homem a Deus

142. Deus convida à comunhão

Deus, em sua revelação, manifesta-Se como um amigo, convidando os homens a uma comunhão íntima com Ele. Este convite é um ato de amor, no qual Deus se aproxima da humanidade para estabelecer uma relação pessoal e profunda.​

143. A fé como resposta

A resposta adequada a este convite divino é a fé. Pela fé, o homem submete completamente sua inteligência e vontade a Deus, aderindo plenamente à Sua revelação. Esta entrega total é chamada de “obediência da fé”, uma expressão que destaca a confiança e a submissão voluntária do crente à vontade divina.​


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Subsecções de Capítulo III (142-143)

Artigo 1

“Eu Creio”

I. A “Obediência da Fé”

A fé é uma resposta livre e total à revelação de Deus, que é a própria Verdade. Essa obediência da fé é exemplificada por Abraão, que, ao ser chamado por Deus, partiu sem saber para onde ia, confiando plenamente na promessa divina. Maria, a Virgem, é o modelo mais perfeito dessa obediência, pois acolheu com fé o anúncio do anjo e manteve-se firme até a cruz.​

II. “Eu Sei em Quem Pus a Minha Fé” (2Tm 1,12)
  • Crer só em Deus: A fé é, primeiramente, uma adesão pessoal a Deus e, inseparavelmente, o assentimento livre a toda a verdade por Ele revelada.​

  • Crer em Jesus Cristo, Filho de Deus: Para o cristão, crer em Deus é crer também em Jesus Cristo, o Filho amado, em quem o Pai colocou toda a Sua complacência.​

  • Crer no Espírito Santo: Não é possível acreditar em Jesus Cristo sem ter parte no Seu Espírito. É o Espírito Santo que revela aos homens quem é Jesus.​

III. As Características da Fé
  • A fé é uma graça: É um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele.​

  • A fé é um ato humano: Embora seja um dom divino, a fé é também um ato autenticamente humano, que envolve a inteligência e a vontade.​

  • A fé e a compreensão: A fé busca compreender; é inerente ao crente o desejo de conhecer melhor Aquele em quem acreditou.​

  • A fé e a ciência: Embora distintas, a fé e a ciência não se contradizem, pois ambas procedem de Deus.​

  • A liberdade da fé: Ninguém deve ser forçado a abraçar a fé contra a sua vontade.​

  • A necessidade da fé: A fé é necessária para a salvação.​

  • A perseverança na fé: Para viver, crescer e perseverar na fé até o fim, devemos alimentá-la com a Palavra de Deus, pedir ao Senhor que a aumente, e viver pela caridade.​

  • A fé – início da vida eterna: A fé nos faz saborear, desde agora, a alegria e a luz da visão beatífica, meta da nossa peregrinação terrestre.​

IV. A Fé de Maria

Maria é o modelo mais perfeito da fé. Durante toda a sua vida, e até a última provação, quando Jesus, seu Filho, morreu na cruz, sua fé jamais vacilou. Por isso, a Igreja venera em Maria a mais pura realização da fé.


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Artigo 2

“Nós Cremos”

I. “Olhai, Senhor, para a fé da vossa Igreja”

A fé é um ato pessoal, uma resposta livre do homem à proposta de Deus que Se revela. No entanto, não é um ato isolado. Ninguém pode acreditar sozinho, assim como ninguém pode viver sozinho. A fé é recebida de outros e deve ser transmitida aos outros. Cada crente é um elo na grande cadeia dos crentes. A Igreja é a mãe da nossa fé, pois é nela que recebemos a vida da fé e é por meio dela que somos educados na fé.​

II. A linguagem da fé

A fé é expressa por meio de fórmulas que permitem aos crentes professar, celebrar e viver a fé em comunidade. A Igreja, como “coluna e apoio da verdade”, guarda fielmente a fé transmitida aos santos de uma vez por todas. Ela ensina a linguagem da fé, introduzindo os fiéis na compreensão e na vida da fé.​

III. Uma só fé

A Igreja, embora dispersa por todo o mundo, guarda com cuidado a fé recebida dos Apóstolos. Apesar das diversas línguas e culturas, a mensagem da Igreja é verídica e sólida, pois nela aparece um só e mesmo caminho de salvação em todo o mundo. A fé da Igreja é guardada cuidadosamente e, sob a ação do Espírito de Deus, ela rejuvenesce e faz rejuvenescer o próprio vaso que a contém.​

Resumo
  • A fé é uma adesão pessoal, do homem todo, a Deus que Se revela.​

  • “Crer” tem uma dupla referência: à pessoa e à verdade; à verdade, pela confiança na pessoa que a atesta.​

  • Não devemos crer em mais ninguém senão em Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.​

  • A fé é um dom sobrenatural de Deus. Para crer, o homem necessita dos auxílios interiores do Espírito Santo.​

  • “Crer” é um ato humano, consciente e livre, que está de acordo com a dignidade da pessoa humana.​

  • “Crer” é um ato eclesial. A fé da Igreja precede, gera, suporta e nutre a nossa fé.​

  • A fé é necessária para a salvação. O próprio Senhor o afirma: “Quem acreditar e for batizado salvar-se-á, mas quem não acreditar será condenado” (Mc 16, 16).​

  • A fé é um antegozo do conhecimento que nos tornará felizes na vida futura.​


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Segunda Seção

A profissão da fé cristã: os símbolos da fé

A Necessidade de uma Linguagem Comum da Fé

A comunhão na fé requer uma linguagem comum que seja normativa para todos e una os fiéis na mesma confissão de fé. Desde o início, a Igreja apostólica expressou e transmitiu sua fé em fórmulas breves e normativas, destinadas especialmente aos candidatos ao batismo.​

Símbolos da Fé: Profissões de Fé

Essas fórmulas são chamadas de “profissões de fé”, “Credo” ou “símbolos da fé”. O termo “symbolon” (grego) referia-se a um sinal de identificação e comunhão entre os crentes, além de significar resumo ou sumário das principais verdades da fé.​

Estrutura Trinitária do Símbolo da Fé

A primeira profissão de fé ocorre no batismo, articulando-se segundo as três pessoas da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. O Símbolo divide-se em três partes:​

  • Primeira Pessoa divina e a obra da criação.

  • Segunda Pessoa divina e o mistério da Redenção.

  • Terceira Pessoa divina, fonte da santificação.​

Essas partes são subdivididas em “artigos”, tradicionalmente doze, simbolizando os doze Apóstolos.​

Diversidade e Unidade dos Símbolos da Fé

Ao longo dos séculos, diversas profissões de fé foram formuladas, como o Símbolo dos Apóstolos e o Símbolo Niceno-Constantinopolitano. Nenhum desses símbolos é considerado ultrapassado; todos ajudam a aprofundar a fé de sempre.​

Recitação do Credo: Comunhão com Deus e a Igreja

Recitar com fé o Credo é entrar em comunhão com Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e também com toda a Igreja que transmite a fé. Este Símbolo é considerado o selo espiritual, a meditação do coração e o tesouro da alma.​


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Subsecções de Segunda Seção (185-197)

Capítulo I

Creio em Deus Pai

Introdução

A nossa profissão de fé começa por Deus, porque Deus é “o Primeiro e o Último” (Is 44, 6), o Princípio e o Fim de tudo. O Credo começa por Deus Pai, porque o Pai é a Primeira Pessoa divina da Santíssima Trindade; o nosso Símbolo começa pela criação do céu e da terra, porque a criação é o princípio e o fundamento de todas as obras de Deus.


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Subsecções de Capítulo I (198)

Artigo I

“Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra”

Introdução

Este artigo do Catecismo da Igreja Católica inicia a exposição detalhada do Credo, a profissão de fé cristã. Ele aborda a crença fundamental em Deus Pai, reconhecido como todo-poderoso e criador de todas as coisas visíveis e invisíveis. A seção explora a natureza de Deus, Sua revelação ao longo da história da salvação e Seu papel como origem e fim de toda a criação.​

Ao afirmar “Creio em Deus Pai Todo-Poderoso”, os fiéis expressam sua confiança em um Deus que é ao mesmo tempo Pai amoroso e Senhor soberano do universo. Esta crença estabelece a base para a compreensão dos demais artigos do Credo, que desenvolvem a fé na Trindade e na obra redentora de Cristo.​

Estudar este artigo é essencial para aprofundar a compreensão da identidade de Deus e do relacionamento pessoal que Ele deseja estabelecer com cada ser humano.


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Subsecções de Artigo I

Parágrafo I

Creio em Deus

I. “Creio em um só Deus”

A profissão de fé cristã inicia-se com a afirmação fundamental: “Creio em Deus”. Esta declaração é a base de toda a fé cristã, pois todos os artigos do Credo dependem dela. A fé cristã professa a existência de um único Deus, por natureza, substância e essência. Esta crença na unicidade de Deus é uma continuidade da Revelação divina na Antiga Aliança, onde Deus se revelou a Israel como o único Senhor: “Escuta, Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 6,4-5). Jesus confirma essa unicidade, afirmando que é necessário amar a Deus com todo o coração, alma, entendimento e forças. Ao mesmo tempo, Jesus revela que Ele próprio é o Senhor, e a fé cristã reconhece que crer em Jesus e no Espírito Santo não contradiz a fé em um único Deus, mas a aprofunda.​

II. Deus revela o seu nome

Deus revelou-Se progressivamente ao seu povo, dando-lhe a conhecer o seu nome. O nome exprime a essência e a identidade da pessoa. Deus revelou o seu nome a Moisés como “Eu sou Aquele que sou” (Ex 3,14), indicando que Ele é o Ser por excelência, eterno e imutável. Este nome misterioso, YHWH, expressa que Deus é o Deus vivo, fonte de toda a vida e existência. Ao revelar o seu nome, Deus manifesta-se como fiel, compassivo e próximo do seu povo.​

III. Deus, “Aquele que é”, é verdade e amor

Deus é a verdade, pois é a fonte de toda a verdade e não pode enganar nem ser enganado. Ele é fiel às suas promessas e conduz o seu povo com amor e fidelidade. Deus é também amor, pois se revelou como Pai, Filho e Espírito Santo, uma comunhão eterna de amor. Ao criar o mundo e redimir a humanidade, Deus manifesta o seu amor infinito e convida os homens a participarem da sua vida divina.​

IV. As implicações da fé em Deus

Crer em Deus implica conhecê-Lo, confiar n’Ele e amá-Lo acima de tudo. A fé em Deus leva à gratidão por tudo o que Ele fez, à confiança em todas as circunstâncias e ao reconhecimento da unidade e dignidade de todos os seres humanos, criados à imagem de Deus. A fé em Deus é o fundamento da esperança e da caridade, e orienta toda a vida cristã.


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Parágrafo II

O Pai

I. “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”

A fé cristã é essencialmente trinitária. Os cristãos são batizados “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19), professando assim sua fé na Trindade. A fórmula “em nome” (e não “nos nomes”) indica a unidade de Deus em três Pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.​

II. A Revelação de Deus como Trindade

O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo, a fonte de todos os outros mistérios da fé e a luz que os ilumina. Toda a história da salvação é a história do caminho e dos meios pelos quais o Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, se revela, reconcilia consigo e se une aos homens que se afastam do pecado.​

Os Padres da Igreja distinguem entre “Theologia” (o mistério da vida íntima de Deus-Trindade) e “Oikonomia” (todas as obras de Deus pelas quais Ele se revela e comunica sua vida). É pela “Oikonomia” que nos é revelada a “Theologia”; mas, inversamente, é a “Theologia” que esclarece toda a “Oikonomia”. As obras de Deus revelam quem Ele é em si mesmo; e, inversamente, o mistério do seu Ser íntimo ilumina o entendimento de todas as suas obras.​

III. A Formação do Dogma Trinitário

A fé apostólica relativa ao Espírito Santo foi confessada pelo segundo concílio ecumênico, reunido em Constantinopla em 381: “Cremos no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai”. A Igreja reconhece assim o Pai como “a fonte e a origem de toda a Divindade”. Contudo, a origem eterna do Espírito Santo não está desligada da do Filho: “O Espírito Santo, que é a terceira pessoa da Trindade, é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho, da mesma substância e também da mesma natureza… Contudo, não dizemos que Ele é somente o Espírito do Pai, mas, ao mesmo tempo, o Espírito do Pai e do Filho”.​

A tradição latina do Credo confessa que o Espírito “procede do Pai e do Filho (Filioque)”. O Concílio de Florença, em 1438, explicita: “O Espírito Santo […] recebe sua essência e seu ser ao mesmo tempo do Pai e do Filho, e procede eternamente de um e do outro como de um só Princípio e por uma só espiração”.​

IV. A Trindade na Vida Cristã

Pela graça do Batismo “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, somos chamados a participar na vida da Trindade bem-aventurada; para já, na obscuridade da fé, e depois da morte na luz eterna.​

A fé católica é esta: venerarmos um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade, sem confundir as Pessoas nem dividir a substância: porque uma é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas do Pai e do Filho e do Espírito Santo é só uma a divindade, igual a glória e coeterna a majestade.​

Inseparáveis no que são, as pessoas divinas são também inseparáveis no que fazem. Mas, na operação divina única, cada uma manifesta o que Lhe é próprio na Trindade, sobretudo nas missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo.


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Parágrafo III

O Todo-Poderoso

A Onipotência de Deus

De todos os atributos divinos, a onipotência é a única mencionada explicitamente no Credo. Confessar que Deus é todo-poderoso tem grande importância para a nossa vida, pois acreditamos que:​

  • Sua onipotência é universal: Ele criou tudo, governa tudo e tudo pode.​

  • É amorosa: Deus é nosso Pai e manifesta seu poder cuidando de nossas necessidades, concedendo-nos a adoção filial e perdoando nossos pecados.​

  • É misteriosa: Só a fé pode discerni-la, especialmente quando “ela atua plenamente na fraqueza” (2 Cor 12,9).​

As Escrituras frequentemente exaltam o poder de Deus, chamando-O de “o Poderoso de Jacó”, “o Senhor dos Exércitos”, “o Forte, o Poderoso”. Ele é o Senhor do universo e da história, governando os corações e os acontecimentos segundo Sua vontade.​

A Onipotência Paterna de Deus

Deus é o Pai todo-poderoso. Sua paternidade e poder esclarecem-se mutuamente. Ele manifesta sua onipotência paterna:​

  • Cuidando de nossas necessidades.​

  • Concedendo-nos a adoção filial: “Serei para vós um Pai e vós sereis para Mim filhos e filhas” (2 Cor 6,18).​

  • Perdoando livremente os pecados, demonstrando assim sua infinita misericórdia.​

A onipotência divina não é arbitrária; em Deus, o poder está unido à essência, vontade, inteligência, sabedoria e justiça.​

O Mistério da Aparente Impotência de Deus

A fé em Deus Pai todo-poderoso pode ser desafiada pela experiência do mal e do sofrimento. Por vezes, Deus pode parecer ausente ou incapaz de impedir o mal. No entanto, Deus revelou sua onipotência de maneira misteriosa na humilhação voluntária e na ressurreição de Seu Filho, vencendo assim o mal. Cristo crucificado é “força de Deus e sabedoria de Deus” (1 Cor 1,25). Foi na ressurreição e exaltação de Cristo que o Pai exerceu a eficácia de sua poderosa força, mostrando a incomensurável grandeza de seu poder para os crentes (cf. Ef 1,19-22).​

A Fé na Onipotência de Deus

Somente a fé pode aderir aos caminhos misteriosos da onipotência de Deus. Essa fé se gloria nas fraquezas para atrair a si o poder de Cristo. A Virgem Maria é o modelo supremo dessa fé, pois acreditou que “a Deus nada é impossível” (Lc 1,37) e proclamou: “O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas; ‘Santo’ é o seu nome” (Lc 1,49).​

Nada é mais adequado para firmar nossa fé e esperança do que a convicção de que nada é impossível a Deus. Tudo o que o Credo nos propõe, mesmo as coisas mais incompreensíveis e sublimes, pode ser admitido facilmente quando se tem a ideia da onipotência divina.


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