Capítulo I
✨ O Homem é ‘Capaz’ de Deus
I. O Desejo de Deus
O desejo de Deus é inscrito no coração humano, pois o homem foi criado por Deus e para Deus. Deus nunca cessa de atrair o homem para Si, e só em Deus o homem encontrará a verdade e a felicidade que busca incessantemente. Desde os primórdios, os homens expressaram sua busca por Deus através de diversas formas religiosas. Apesar das ambiguidades, essas expressões são universais, indicando que o homem é, por natureza, um ser religioso. Contudo, essa relação íntima com Deus pode ser esquecida ou rejeitada por diversas razões, como a revolta diante do mal, a ignorância, as preocupações mundanas, o mau exemplo de crentes, correntes de pensamento hostis à religião e o pecado. Mesmo assim, Deus continua a chamar o homem para que O procure e encontre vida e felicidade. Essa busca exige esforço da inteligência, retidão da vontade, um coração reto e o testemunho de outros que ensinam a procurar Deus.
II. Os Caminhos de Acesso ao Conhecimento de Deus
Criado à imagem de Deus, o homem é chamado a conhecê-Lo e amá-Lo. Na busca por Deus, o homem descobre caminhos para conhecê-Lo, também chamados de “provas da existência de Deus”. Essas provas não são científicas, mas argumentos convergentes e convincentes que levam a certezas. Dois caminhos principais são:
O Mundo: A partir do movimento, da contingência, da ordem e da beleza do mundo, pode-se conhecer Deus como origem e fim do universo.
O Homem: Com sua abertura à verdade e à beleza, senso moral, liberdade e consciência, o homem se questiona sobre a existência de Deus. Essas aberturas revelam sinais de sua alma espiritual, que só pode ter origem em Deus.
As faculdades humanas permitem conhecer a existência de um Deus pessoal. Contudo, para entrar em intimidade com Ele, Deus quis revelar-Se ao homem e dar-lhe a graça de acolher essa revelação com fé. As provas da existência de Deus podem dispor o homem para a fé e ajudá-lo a perceber que a fé não se opõe à razão.
III. O Conhecimento de Deus Segundo a Igreja
A Santa Igreja ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana, a partir das coisas criadas. Sem essa capacidade, o homem não poderia acolher a revelação de Deus. Contudo, nas condições históricas em que se encontra, o homem enfrenta muitas dificuldades para conhecer Deus apenas com a razão. Por isso, é necessário que Deus se revele ao homem.
IV. Como Falar de Deus?
Diante da grandeza de Deus, o homem deve purificar constantemente sua linguagem de tudo o que é limitado, imperfeito e inadequado. Embora nossa linguagem seja humana, ela realmente exprime Deus, mas de modo analógico. Entre o Criador e a criatura não se pode assinalar uma semelhança tão grande que a diferença entre eles não seja ainda maior. Por isso, ao falar de Deus, usamos analogias, reconhecendo que nossa linguagem é sempre inadequada para exprimir plenamente o mistério divino.
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www.minhafecatolica.com.brCapítulo II
✨ Deus vem ao encontro do homem
Introdução
Embora o homem possa conhecer Deus com certeza pela razão natural, observando as suas obras, existe uma ordem de conhecimento que está além da capacidade humana: a da Revelação divina. Por uma vontade absolutamente livre, Deus revela-Se e dá-Se ao homem, manifestando o seu mistério e o desígnio benevolente que, desde toda a eternidade, estabeleceu em Cristo, em favor de todos os homens. Este desígnio é plenamente revelado com o envio do seu Filho bem-amado, nosso Senhor Jesus Cristo, e do Espírito Santo.
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Artigo 1
✨ A Revelação de Deus
I. Deus revela o seu desígnio benevolente
Deus, em sua sabedoria e bondade, decidiu revelar-Se e dar a conhecer o mistério de Sua vontade, segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina. Deus deseja comunicar Sua própria vida divina aos homens que criou livremente, para fazer deles, em Seu Filho único, filhos adotivos. Revelando-Se, Deus quer tornar os homens capazes de Lhe responder, de O conhecerem e de O amarem, muito além do que seriam capazes por si próprios.
O desígnio divino da Revelação realiza-se por meio de ações e palavras, intrinsecamente relacionadas entre si e que se esclarecem mutuamente. Deus comunica-Se gradualmente ao homem, preparando-o por etapas para receber a Revelação sobrenatural que faz de Si próprio, culminando na Pessoa e missão do Verbo encarnado, Jesus Cristo.
II. As etapas da Revelação
Desde a origem, Deus dá-Se a conhecer
Desde o princípio, Deus manifestou-Se aos nossos primeiros pais, convidando-os a uma comunhão íntima consigo, revestindo-os de graça e justiça resplandecentes. Mesmo após o pecado original, Deus não os abandonou, prometendo redenção e dando-lhes esperança de salvação. Deus cuidou continuamente da humanidade, para dar vida eterna a todos os que perseveram na prática das boas obras.
Após a desunião causada pelo pecado, Deus procurou salvar a humanidade intervindo com cada uma de suas partes. A aliança com Noé, após o dilúvio, expressa o princípio da economia divina em relação às “nações”, ou seja, aos homens reagrupados por países, línguas, famílias e nações. Essa aliança permanece em vigor enquanto durar o tempo das nações, até à proclamação universal do Evangelho.
Vaticano
Deus elege Abraão
Para reunir a humanidade dispersa, Deus escolhe Abrão, chamando-o para deixar sua terra e prometendo fazer dele “pai de uma multidão de nações”. O povo descendente de Abraão será o depositário da promessa feita aos patriarcas, o povo eleito, chamado a preparar a reunião de todos os filhos de Deus na unidade da Igreja.
Deus formou Israel como seu povo, revelando-Se a ele por meio de Moisés e dando-lhe a Lei, para que reconhecesse a Deus como único Senhor e esperasse o Salvador prometido. Os profetas anunciaram uma redenção radical do povo, uma purificação de todas as suas infidelidades, uma salvação que incluiria todas as nações. Acima de tudo, os pobres e humildes do Senhor carregaram essa esperança.
Deus disse tudo em Seu Filho único, Jesus Cristo, que é a Palavra definitiva do Pai. Cristo, sendo o Filho eterno de Deus feito homem, é a plenitude de toda a Revelação. Não haverá outra revelação após Ele.
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www.minhafecatolica.com.brArtigo 2
✨ A transmissão da revelação divina
I. A Tradição Apostólica
Deus deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Para isso, Cristo deve ser anunciado a todos os povos. Cristo confiou aos Apóstolos a missão de pregar o Evangelho, comunicando-lhes os dons divinos. Esta transmissão do Evangelho ocorreu de duas formas: oralmente, através da pregação dos Apóstolos, e por escrito, por meio dos textos inspirados. A pregação apostólica foi transmitida por sucessores, garantindo a continuidade da fé. A Tradição viva da Igreja assegura que a Palavra de Deus permaneça presente e ativa, com o Espírito Santo guiando os crentes à verdade plena.
II. A Relação entre a Tradição e a Sagrada Escritura
A Tradição Sagrada e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas, derivando da mesma fonte divina. A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus escrita por inspiração divina, enquanto a Tradição conserva e transmite a Palavra de Deus confiada por Cristo aos Apóstolos. Ambas constituem o depósito sagrado da Palavra de Deus, confiado à Igreja.
III. O Magistério da Igreja
A interpretação autêntica da Palavra de Deus, escrita ou transmitida, foi confiada ao Magistério vivo da Igreja, exercido pelos bispos em comunhão com o Papa. Este Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas a serve, ensinando apenas o que foi transmitido. Os fiéis devem acolher com docilidade os ensinamentos de seus pastores, reconhecendo que quem os escuta, escuta a Cristo.
IV. O Sentido Sobrenatural da Fé
Todos os fiéis participam na compreensão e transmissão da verdade revelada, graças à unção do Espírito Santo. Este sentido da fé permite ao povo de Deus aderir indefectivelmente à fé, penetrá-la mais profundamente e aplicá-la na vida.
V. O Crescimento na Inteligência da Fé
A inteligência das realidades e palavras do depósito da fé pode crescer na vida da Igreja através da contemplação e estudo dos crentes, da inteligência interior das coisas espirituais e da pregação daqueles que receberam o carisma da verdade.
Vaticano
VI. A Inter-relação entre Tradição, Escritura e Magistério
A Tradição Sagrada, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja estão de tal maneira ligados que nenhum pode subsistir sem os outros. Todos juntos contribuem eficazmente para a salvação das almas.
VII. Resumo
Cristo confiou aos Apóstolos a missão de transmitir o Evangelho, que foi perpetuado pela pregação e escritos sob a inspiração do Espírito Santo.
A Tradição Sagrada e a Sagrada Escritura formam um único depósito sagrado da Palavra de Deus.
A Igreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite tudo o que é e acredita.
Graças ao sentido sobrenatural da fé, o povo de Deus acolhe, penetra e vive mais plenamente o dom da Revelação divina.
A interpretação autêntica da Palavra de Deus é confiada ao Magistério da Igreja, ao Papa e aos bispos em comunhão com ele.
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✨ A Sagrada Escritura
I. Cristo – Palavra única da Sagrada Escritura
Deus, em sua bondade, revelou-Se aos homens falando-lhes em palavras humanas. Assim como o Verbo eterno do Pai assumiu a carne da fraqueza humana, as palavras de Deus expressas por línguas humanas tornaram-se semelhantes à linguagem humana. Por meio de todas as palavras da Sagrada Escritura, Deus pronuncia uma só Palavra, seu Verbo único, no qual se expressa por inteiro. A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras como venera também o Corpo do Senhor, apresentando aos fiéis o Pão da vida tomado da Mesa da Palavra de Deus e do Corpo de Cristo. Na Sagrada Escritura, a Igreja encontra incessantemente seu alimento e sua força, pois nela não acolhe somente uma palavra humana, mas o que ela é realmente: a Palavra de Deus.
II. Inspiração e verdade da Sagrada Escritura
Deus é o autor da Sagrada Escritura, tendo inspirado os autores humanos dos livros sagrados. Para compor os livros sagrados, Deus escolheu homens que, usando suas próprias faculdades e capacidades, escreveram tudo o que Deus queria que fosse escrito. Os livros inspirados ensinam a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fosse consignada nas Sagradas Escrituras. A fé cristã não é uma “religião do Livro”, mas da Palavra de Deus, que não é uma palavra escrita e muda, mas o Verbo encarnado e vivo. A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada à luz do mesmo Espírito que a inspirou.
III. O Espírito Santo, intérprete da Escritura
A Igreja, ao interpretar a Escritura, deve considerar o conteúdo e a unidade de toda a Escritura, a Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé. As Escrituras devem ser lidas com atenção ao conteúdo e à unidade de toda a Escritura, pois a diversidade dos livros não se opõe à unidade da fé. A Tradição viva da Igreja e a analogia da fé são critérios essenciais para a interpretação correta das Escrituras.
IV. O Cânon das Escrituras
Foi a Tradição Apostólica que levou a Igreja a discernir quais os escritos que deviam ser contados na lista dos livros sagrados. Esta lista integral é chamada “Cânon” das Escrituras. Comporta, para o Antigo Testamento, 46 (45, se se contar Jeremias e as Lamentações como um só) escritos, e, para o Novo, 27. Os quatro Evangelhos ocupam um lugar central, já que Cristo Jesus é o centro deles. A unidade dos dois Testamentos decorre da unidade do projeto de Deus e de sua Revelação. O Antigo Testamento prepara o Novo, ao passo que este último cumpre o Antigo; os dois se iluminam reciprocamente; os dois são verdadeira Palavra de Deus.
V. A Sagrada Escritura na vida da Igreja
A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor: ambos alimentam e dirigem toda a vida cristã. “Tua Palavra é a lâmpada para meus pés, e luz para meu caminho” (Sl 119,105).
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✨ A resposta do homem a Deus
142. Deus convida à comunhão
Deus, em sua revelação, manifesta-Se como um amigo, convidando os homens a uma comunhão íntima com Ele. Este convite é um ato de amor, no qual Deus se aproxima da humanidade para estabelecer uma relação pessoal e profunda.
143. A fé como resposta
A resposta adequada a este convite divino é a fé. Pela fé, o homem submete completamente sua inteligência e vontade a Deus, aderindo plenamente à Sua revelação. Esta entrega total é chamada de “obediência da fé”, uma expressão que destaca a confiança e a submissão voluntária do crente à vontade divina.
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Artigo 1
✨ “Eu Creio”
I. A “Obediência da Fé”
A fé é uma resposta livre e total à revelação de Deus, que é a própria Verdade. Essa obediência da fé é exemplificada por Abraão, que, ao ser chamado por Deus, partiu sem saber para onde ia, confiando plenamente na promessa divina. Maria, a Virgem, é o modelo mais perfeito dessa obediência, pois acolheu com fé o anúncio do anjo e manteve-se firme até a cruz.
II. “Eu Sei em Quem Pus a Minha Fé” (2Tm 1,12)
Crer só em Deus: A fé é, primeiramente, uma adesão pessoal a Deus e, inseparavelmente, o assentimento livre a toda a verdade por Ele revelada.
Crer em Jesus Cristo, Filho de Deus: Para o cristão, crer em Deus é crer também em Jesus Cristo, o Filho amado, em quem o Pai colocou toda a Sua complacência.
Crer no Espírito Santo: Não é possível acreditar em Jesus Cristo sem ter parte no Seu Espírito. É o Espírito Santo que revela aos homens quem é Jesus.
III. As Características da Fé
A fé é uma graça: É um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele.
A fé é um ato humano: Embora seja um dom divino, a fé é também um ato autenticamente humano, que envolve a inteligência e a vontade.
A fé e a compreensão: A fé busca compreender; é inerente ao crente o desejo de conhecer melhor Aquele em quem acreditou.
A fé e a ciência: Embora distintas, a fé e a ciência não se contradizem, pois ambas procedem de Deus.
A liberdade da fé: Ninguém deve ser forçado a abraçar a fé contra a sua vontade.
A necessidade da fé: A fé é necessária para a salvação.
A perseverança na fé: Para viver, crescer e perseverar na fé até o fim, devemos alimentá-la com a Palavra de Deus, pedir ao Senhor que a aumente, e viver pela caridade.
A fé – início da vida eterna: A fé nos faz saborear, desde agora, a alegria e a luz da visão beatífica, meta da nossa peregrinação terrestre.
IV. A Fé de Maria
Maria é o modelo mais perfeito da fé. Durante toda a sua vida, e até a última provação, quando Jesus, seu Filho, morreu na cruz, sua fé jamais vacilou. Por isso, a Igreja venera em Maria a mais pura realização da fé.
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✨ “Nós Cremos”
I. “Olhai, Senhor, para a fé da vossa Igreja”
A fé é um ato pessoal, uma resposta livre do homem à proposta de Deus que Se revela. No entanto, não é um ato isolado. Ninguém pode acreditar sozinho, assim como ninguém pode viver sozinho. A fé é recebida de outros e deve ser transmitida aos outros. Cada crente é um elo na grande cadeia dos crentes. A Igreja é a mãe da nossa fé, pois é nela que recebemos a vida da fé e é por meio dela que somos educados na fé.
II. A linguagem da fé
A fé é expressa por meio de fórmulas que permitem aos crentes professar, celebrar e viver a fé em comunidade. A Igreja, como “coluna e apoio da verdade”, guarda fielmente a fé transmitida aos santos de uma vez por todas. Ela ensina a linguagem da fé, introduzindo os fiéis na compreensão e na vida da fé.
III. Uma só fé
A Igreja, embora dispersa por todo o mundo, guarda com cuidado a fé recebida dos Apóstolos. Apesar das diversas línguas e culturas, a mensagem da Igreja é verídica e sólida, pois nela aparece um só e mesmo caminho de salvação em todo o mundo. A fé da Igreja é guardada cuidadosamente e, sob a ação do Espírito de Deus, ela rejuvenesce e faz rejuvenescer o próprio vaso que a contém.
Resumo
A fé é uma adesão pessoal, do homem todo, a Deus que Se revela.
“Crer” tem uma dupla referência: à pessoa e à verdade; à verdade, pela confiança na pessoa que a atesta.
Não devemos crer em mais ninguém senão em Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.
A fé é um dom sobrenatural de Deus. Para crer, o homem necessita dos auxílios interiores do Espírito Santo.
“Crer” é um ato humano, consciente e livre, que está de acordo com a dignidade da pessoa humana.
“Crer” é um ato eclesial. A fé da Igreja precede, gera, suporta e nutre a nossa fé.
A fé é necessária para a salvação. O próprio Senhor o afirma: “Quem acreditar e for batizado salvar-se-á, mas quem não acreditar será condenado” (Mc 16, 16).
A fé é um antegozo do conhecimento que nos tornará felizes na vida futura.
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