Quem é Jesus
✨ E para que Ele veio?
I. Introdução
Na jornada da fé, há duas perguntas que todo ser humano é chamado a responder diante de Deus:
“Quem é Jesus?” “Para que Ele veio ao mundo?”
Essas perguntas não são apenas teológicas ou históricas — são existenciais e salvíficas. De suas respostas depende o sentido da nossa vida, da nossa esperança e da nossa salvação.
O Evangelho de Marcos nos apresenta um momento-chave em que Jesus conduz seus discípulos à descoberta dessas verdades.
II. O cenário: Marcos 8,27-29 no caminho da fé*
Este trecho marca a divisão central do Evangelho de Marcos. Até aqui, o foco tem sido quem é Jesus por meio de milagres e ensinamentos. A partir deste ponto, Marcos passa a narrar o caminho de Jesus rumo a Jerusalém e à cruz.
“Jesus saiu com seus discípulos para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho, perguntou-lhes: ‘Quem dizem os homens que eu sou?’ […] ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’” (Mc 8,27-29)
Onde isso aconteceu?
O texto diz que Jesus estava a caminho dos povoados da região de Cesareia de Filipe — não dentro da cidade, mas nos arredores pagãos.
Essa região abrigava templos a deuses como Pã e o imperador romano.
Ali, em contraste com os falsos deuses, Jesus revela sua verdadeira identidade.
Esse local geográfico revela um significado teológico profundo: Jesus é o Messias não só de Israel, mas do mundo inteiro.
III. Quem é Jesus?
a) As respostas do mundo
“Uns dizem João Batista, outros Elias, outros ainda, um dos profetas.” (Mc 8,28)
Até hoje, muitos consideram Jesus apenas um:
Profeta,
Líder religioso,
Homem sábio,
Revolucionário.
Essas visões reduzem Jesus a um personagem histórico, mas não reconhecem sua identidade divina.
b) A resposta de Pedro
“Tu és o Cristo.” (Mc 8,29)
A resposta de Pedro — “Tu és o Cristo” — é uma confissão messiânica, reconhecendo Jesus como o Ungido, o Enviado de Deus, o Messias esperado.
Marcos apresenta a fé de Pedro como verdadeira, mas sua visão ainda é incompleta — como se verá logo depois, ao resistir à ideia de um Messias sofredor (Mc 8,32-33).
A compreensão plena do que significa “Cristo” só virá após a Ressurreição e o dom do Espírito Santo.
c) A resposta da Igreja Católica
Desde os Apóstolos, a Igreja proclama:
“Jesus é o Cristo, o Filho de Deus vivo.” (Mt 16,16)
O Catecismo da Igreja Católica (CIC) ensina:
Jesus é o Filho eterno do Pai, encarnado no tempo. (§423)
Ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. (§464)
Ele é o Ungido (Cristo), consagrado para a missão de salvação. (§436)
Então, a Igreja Católica ensina que reconhecer Jesus como “o Cristo” é ato central da fé cristã.
Resumidamente, para a fé católica:
Jesus é o Filho de Deus feito homem, o único Salvador, Senhor da história e centro da vida.
4. 🎯 Para que Jesus veio?
a) A expectativa do povo
Os judeus esperavam que o Messias:
Libertasse Israel do domínio romano (Daniel 2,44)
Restaurasse o trono de Davi (Jeremias 23,5)
Trouxesse paz e justiça política (Isaías 2,4)
Mas Jesus frustra essas expectativas humanas. Ele não veio como conquistador militar, mas como servo humilde.
b) A missão revelada por Jesus
Logo após a confissão de Pedro, Jesus começa a ensinar:
“O Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar.” (Mc 8,31)
Jesus revela que veio:
Para sofrer e morrer por nossos pecados;
Para nos reconciliar com o Pai;
Para vencer o mal com o amor, e não com a violência;
Para nos oferecer a vida eterna.
Ele é o Servo Sofredor de Isaías 53, que carrega sobre si nossas culpas.
c) O que diz o Catecismo?
O Catecismo afirma com clareza:
“O Verbo se fez carne para nos salvar reconciliando-nos com Deus.” (§457)
“Para que conhecêssemos o amor de Deus.” (§458)
“Para ser nosso modelo de santidade.” (§459)
“Para nos tornar ‘participantes da natureza divina’.” (§460)
Resumidamente, Jesus veio para nos salvar, nos ensinar a amar, e nos conduzir à vida com Deus.
V. Conclusão: A pergunta que transforma tudo
A pergunta que Jesus faz no caminho para Cesareia de Filipe continua ecoando em cada coração:
“Quem sou Eu para você?”
A pergunta é dirigida a todos os cristãos de todas as épocas. Segundo a espiritualidade católica, ela nos convida a fazer um ato de fé pessoal.
Não basta saber o que os outros dizem de Jesus.
É preciso responder com a própria vida: Quem é Jesus para mim?
A resposta correta não é apenas doutrinal, mas vivencial. Confessar que Jesus é o Cristo significa:
Acreditar que Ele é o Filho de Deus,
Segui-Lo como único Salvador,
Aceitar o caminho da cruz,
Participar da sua vida na Igreja,
Esperar Nele a ressurreição e a vida eterna.
E que nos leva a compreende para que Ele veio ao mundo.
✨ “Tu és o Cristo.”
Essa é a resposta da fé — e o começo de uma vida nova. 🙏
Apêndice
✨ Só podemos reconhecer Jesus como o Cristo e Filho de Deus se for revelado por Deus, através do Espírito Santo.
Essa afirmação está solidamente fundamentada nas Escrituras e confirmada pela doutrina da Igreja. Veja como os textos se articulam:
1. Mateus 16,17
“Não foi a carne nem o sangue que te revelaram isso, mas o meu Pai que está nos céus.”
Aqui Jesus diz a Pedro que a confissão “Tu és o Cristo” não vem de inteligência humana, mas é revelação direta do Pai. Ou seja, ninguém reconhece verdadeiramente Jesus sem que o Pai conceda esse dom.
“Ninguém pode dizer: ‘Jesus é o Senhor’, senão no Espírito Santo.”
São Paulo confirma: a fé em Jesus como Senhor é impossível sem o Espírito Santo. A expressão “dizer” aqui significa confessar com fé viva, não apenas repetir com a boca.
3. Mateus 11,25-26 e Lucas 10,21 (passagem paralela)
“Eu te louvo, Pai, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.”
A revelação de Deus é dada aos humildes de coração, não aos soberbos ou autosuficientes. A fé é um dom concedido aos “pequeninos”, ou seja, aos que se abrem à graça.
“A vós foi dado o mistério do Reino de Deus. Aos de fora, tudo se diz em parábolas […] para que não vejam nem entendam…”
Jesus indica que o conhecimento do Reino é dado (“foi dado”) aos discípulos, mas não é acessível a todos — não por exclusão arbitrária, mas porque os de fora recusam-se a crer e se fecham à graça.
Doutrina da Igreja (Catecismo)
“A fé é um dom sobrenatural de Deus. Para crer, o homem precisa da ajuda interior do Espírito Santo.” (CIC §153)
“A fé é um dom gratuito que Deus faz ao homem. […] Para dar uma resposta de fé, é necessário o impulso da graça.” (CIC §179)
Conclusão
Com base nas passagens e no ensinamento constante da Igreja, temos que:
Reconhecer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, não é fruto de raciocínio natural ou mérito humano, mas um dom gratuito de Deus, concedido pela revelação do Pai e pela ação do Espírito Santo, e acolhido com humildade.
Portanto:
Sem o Pai, ninguém conhece o Filho (cf. Mt 11,27);
Sem o Espírito, ninguém confessa Jesus como Senhor (1Cor 12,3);
Sem humildade, ninguém acolhe essa revelação (Mt 11,25).
Entao, “as pessoas más ou que não aceitam Jesus agem assim porque Deus não permitiu que elas pudessem reconhecê-lo?”
“Não. Deus quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade (1Timóteo 2,4). Deus não exclui ninguém da salvação, e oferece sua graça a todos, de formas que às vezes a gente nem entende totalmente.
O que acontece é que algumas pessoas fecham o coração — por orgulho, medo, feridas ou escolhas erradas. E Deus respeita a liberdade delas.
Quando Jesus diz que só podemos reconhecer quem Ele é com a ajuda do Espírito Santo, Ele está mostrando que a fé é um dom, mas um dom que precisa ser acolhido com humildade. Se a pessoa se fecha, ela mesma impede que Deus atue — Deus quer entrar, mas não força ninguém.
Por isso, nosso papel é rezar por essas pessoas, dar testemunho do amor de Jesus e pedir que Deus abra seus corações no tempo certo. E nunca julgar: às vezes, alguém que parece distante de Deus hoje pode se converter amanhã. Deus não desiste de ninguém!”
“A fé é um dom gratuito que Deus faz ao homem […] mas não é forçada. O homem pode rejeitar a graça.” (CIC §162, §179)
Por Minha Fé Católica - 11/06/2025