Quem é Jesus

E para que Ele veio?

I. Introdução

Na jornada da fé, há duas perguntas que todo ser humano é chamado a responder diante de Deus:

“Quem é Jesus?” “Para que Ele veio ao mundo?”

Essas perguntas não são apenas teológicas ou históricas — são existenciais e salvíficas. De suas respostas depende o sentido da nossa vida, da nossa esperança e da nossa salvação.

O Evangelho de Marcos nos apresenta um momento-chave em que Jesus conduz seus discípulos à descoberta dessas verdades.

Este trecho marca a divisão central do Evangelho de Marcos. Até aqui, o foco tem sido quem é Jesus por meio de milagres e ensinamentos. A partir deste ponto, Marcos passa a narrar o caminho de Jesus rumo a Jerusalém e à cruz.

“Jesus saiu com seus discípulos para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho, perguntou-lhes: ‘Quem dizem os homens que eu sou?’ […] ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’” (Mc 8,27-29)

Onde isso aconteceu?

  • O texto diz que Jesus estava a caminho dos povoados da região de Cesareia de Filipe — não dentro da cidade, mas nos arredores pagãos.

  • Essa região abrigava templos a deuses como Pã e o imperador romano.

  • Ali, em contraste com os falsos deuses, Jesus revela sua verdadeira identidade.

Esse local geográfico revela um significado teológico profundo: Jesus é o Messias não só de Israel, mas do mundo inteiro.

III. Quem é Jesus?

a) As respostas do mundo

“Uns dizem João Batista, outros Elias, outros ainda, um dos profetas.” (Mc 8,28)

Até hoje, muitos consideram Jesus apenas um:

  • Profeta,

  • Líder religioso,

  • Homem sábio,

  • Revolucionário.

Essas visões reduzem Jesus a um personagem histórico, mas não reconhecem sua identidade divina.

b) A resposta de Pedro

“Tu és o Cristo.” (Mc 8,29)

A resposta de Pedro — “Tu és o Cristo” — é uma confissão messiânica, reconhecendo Jesus como o Ungido, o Enviado de Deus, o Messias esperado.

Marcos apresenta a fé de Pedro como verdadeira, mas sua visão ainda é incompleta — como se verá logo depois, ao resistir à ideia de um Messias sofredor (Mc 8,32-33).

A compreensão plena do que significa “Cristo” só virá após a Ressurreição e o dom do Espírito Santo.

c) A resposta da Igreja Católica

Desde os Apóstolos, a Igreja proclama:

“Jesus é o Cristo, o Filho de Deus vivo.” (Mt 16,16)

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) ensina:

  • Jesus é o Filho eterno do Pai, encarnado no tempo. (§423)

  • Ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. (§464)

  • Ele é o Ungido (Cristo), consagrado para a missão de salvação. (§436)

Então, a Igreja Católica ensina que reconhecer Jesus como “o Cristo” é ato central da fé cristã.

Resumidamente, para a fé católica:

Jesus é o Filho de Deus feito homem, o único Salvador, Senhor da história e centro da vida.

4. 🎯 Para que Jesus veio?

a) A expectativa do povo

Os judeus esperavam que o Messias:

Mas Jesus frustra essas expectativas humanas. Ele não veio como conquistador militar, mas como servo humilde.

b) A missão revelada por Jesus

Logo após a confissão de Pedro, Jesus começa a ensinar:

“O Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar.” (Mc 8,31)

Jesus revela que veio:

Para sofrer e morrer por nossos pecados;

Para nos reconciliar com o Pai;

Para vencer o mal com o amor, e não com a violência;

Para nos oferecer a vida eterna.

Ele é o Servo Sofredor de Isaías 53, que carrega sobre si nossas culpas.

c) O que diz o Catecismo?

O Catecismo afirma com clareza:

  • “O Verbo se fez carne para nos salvar reconciliando-nos com Deus.” (§457)

  • “Para que conhecêssemos o amor de Deus.” (§458)

  • “Para ser nosso modelo de santidade.” (§459)

  • “Para nos tornar ‘participantes da natureza divina’.” (§460)

Resumidamente, Jesus veio para nos salvar, nos ensinar a amar, e nos conduzir à vida com Deus.

V. Conclusão: A pergunta que transforma tudo

A pergunta que Jesus faz no caminho para Cesareia de Filipe continua ecoando em cada coração:

“Quem sou Eu para você?”

A pergunta é dirigida a todos os cristãos de todas as épocas. Segundo a espiritualidade católica, ela nos convida a fazer um ato de fé pessoal.

  • Não basta saber o que os outros dizem de Jesus.

  • É preciso responder com a própria vida: Quem é Jesus para mim?

A resposta correta não é apenas doutrinal, mas vivencial. Confessar que Jesus é o Cristo significa:

  • Acreditar que Ele é o Filho de Deus,

  • Segui-Lo como único Salvador,

  • Aceitar o caminho da cruz,

  • Participar da sua vida na Igreja,

  • Esperar Nele a ressurreição e a vida eterna.

E que nos leva a compreende para que Ele veio ao mundo.

“Tu és o Cristo.”

Essa é a resposta da fé — e o começo de uma vida nova. 🙏

Apêndice

Só podemos reconhecer Jesus como o Cristo e Filho de Deus se for revelado por Deus, através do Espírito Santo.

Essa afirmação está solidamente fundamentada nas Escrituras e confirmada pela doutrina da Igreja. Veja como os textos se articulam:

1. Mateus 16,17

“Não foi a carne nem o sangue que te revelaram isso, mas o meu Pai que está nos céus.”

Aqui Jesus diz a Pedro que a confissão “Tu és o Cristo” não vem de inteligência humana, mas é revelação direta do Pai. Ou seja, ninguém reconhece verdadeiramente Jesus sem que o Pai conceda esse dom.

2. 1 Coríntios 12,3

“Ninguém pode dizer: ‘Jesus é o Senhor’, senão no Espírito Santo.”

São Paulo confirma: a fé em Jesus como Senhor é impossível sem o Espírito Santo. A expressão “dizer” aqui significa confessar com fé viva, não apenas repetir com a boca.

3. Mateus 11,25-26 e Lucas 10,21 (passagem paralela)

“Eu te louvo, Pai, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.”

A revelação de Deus é dada aos humildes de coração, não aos soberbos ou autosuficientes. A fé é um dom concedido aos “pequeninos”, ou seja, aos que se abrem à graça.

4. Marcos 4,11-12

“A vós foi dado o mistério do Reino de Deus. Aos de fora, tudo se diz em parábolas […] para que não vejam nem entendam…”

Jesus indica que o conhecimento do Reino é dado (“foi dado”) aos discípulos, mas não é acessível a todos — não por exclusão arbitrária, mas porque os de fora recusam-se a crer e se fecham à graça.

Doutrina da Igreja (Catecismo)

“A fé é um dom sobrenatural de Deus. Para crer, o homem precisa da ajuda interior do Espírito Santo.” (CIC §153)

“A fé é um dom gratuito que Deus faz ao homem. […] Para dar uma resposta de fé, é necessário o impulso da graça.” (CIC §179)

Conclusão

Com base nas passagens e no ensinamento constante da Igreja, temos que:

Reconhecer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, não é fruto de raciocínio natural ou mérito humano, mas um dom gratuito de Deus, concedido pela revelação do Pai e pela ação do Espírito Santo, e acolhido com humildade.

Portanto:

  • Sem o Pai, ninguém conhece o Filho (cf. Mt 11,27);

  • Sem o Espírito, ninguém confessa Jesus como Senhor (1Cor 12,3);

  • Sem humildade, ninguém acolhe essa revelação (Mt 11,25).

Entao, “as pessoas más ou que não aceitam Jesus agem assim porque Deus não permitiu que elas pudessem reconhecê-lo?”

“Não. Deus quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade (1Timóteo 2,4). Deus não exclui ninguém da salvação, e oferece sua graça a todos, de formas que às vezes a gente nem entende totalmente.

O que acontece é que algumas pessoas fecham o coração — por orgulho, medo, feridas ou escolhas erradas. E Deus respeita a liberdade delas.

Quando Jesus diz que só podemos reconhecer quem Ele é com a ajuda do Espírito Santo, Ele está mostrando que a fé é um dom, mas um dom que precisa ser acolhido com humildade. Se a pessoa se fecha, ela mesma impede que Deus atue — Deus quer entrar, mas não força ninguém.

Por isso, nosso papel é rezar por essas pessoas, dar testemunho do amor de Jesus e pedir que Deus abra seus corações no tempo certo. E nunca julgar: às vezes, alguém que parece distante de Deus hoje pode se converter amanhã. Deus não desiste de ninguém!”

“A fé é um dom gratuito que Deus faz ao homem […] mas não é forçada. O homem pode rejeitar a graça.” (CIC §162, §179)


Por Minha Fé Católica - 11/06/2025


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