Mateus 25,33-36
Introdução
“E colocará as ovelhas à sua direita, e os cabritos à sua esquerda. Então, o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai, recebei em herança o Reino preparado para vós desde a criação do mundo. Pois tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era peregrino, e me acolhestes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; estava na prisão, e fostes me ver.’” (Mateus 25,33-36)
Esta passagem é uma das mais claras e diretas da Escritura a evidenciar que a salvação não depende apenas de professar fé em Cristo, mas também das obras concretas que demonstram essa fé, refutando a ideia de “sola fide” (somente a fé).
As Obras como Critério no Juízo Final
Jesus, ao descrever o julgamento final, faz uso de uma linguagem profundamente prática e concreta. Ele não menciona que as “ovelhas” (os justos) serão acolhidas no Reino porque professaram fé ou fizeram orações, mas porque agiram com amor e misericórdia para com os necessitados.
Obras Citadas por Jesus:
Alimentar os famintos.
Dar de beber aos sedentos.
Acolher os peregrinos.
Vestir os nus.
Visitar os doentes e presos.
Essas ações não são simbólicas; são obras reais de misericórdia que refletem o amor ao próximo e, consequentemente, a Deus.
“A fé sem obras é morta” (Tiago 2,17) é perfeitamente ilustrado aqui: a fé que salva é aquela que se manifesta em atos de amor.
A Vontade do Pai como a Chave
Essa passagem ecoa Mateus 7,21, onde Jesus afirma que apenas aqueles que fazem a vontade do Pai entrarão no Reino dos Céus. Fazer a vontade do Pai envolve tanto a fé quanto as obras, pois estas últimas são a manifestação concreta da primeira.
A crença de “sola fide” contradiz essa visão, sugerindo que basta crer para ser salvo, enquanto Jesus claramente ensina que a salvação exige ação. Ele enfatiza a responsabilidade de responder às necessidades do próximo como parte essencial do seguimento a Deus.
Jesus Se Identifica com os Necessitados
Cristo não só valoriza as obras de misericórdia, mas Ele se identifica com os destinatários dessas ações. Ao ajudar o faminto, o sedento, ou o enfermo, estamos servindo ao próprio Cristo.
“Todas as vezes que fizestes isso a um destes meus pequeninos irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40).
Isso refuta qualquer argumento de que as obras seriam opcionais ou não relacionadas à salvação. Ao contrário, elas são o critério pelo qual Cristo julga a autenticidade de nossa fé e amor.
Refutação do “Sola Fide”
A doutrina protestante do “sola fide” afirma que a salvação vem apenas pela fé, sem necessidade de obras. No entanto, Mateus 25,33-36 contradiz diretamente essa visão:
Jesus não diz que aqueles que professaram fé em Seu nome serão salvos, mas que aqueles que praticaram obras de misericórdia receberão o Reino.
Os “cabritos” são condenados não por falta de fé declarada, mas por sua omissão em agir. Eles falharam em fazer o bem, demonstrando que uma fé que não gera frutos não é verdadeira.
Essa passagem harmoniza-se com a Carta de Tiago:
“Queres ver, ó homem insensato, como a fé sem obras é estéril?” (Tiago 2,20).
O julgamento descrito em Mateus 25 mostra que a salvação é fruto da graça de Deus, mas que a graça nos transforma, capacitando-nos a realizar obras que testemunham nossa fé.
Obras Não Como “Compra da Salvação”, Mas Como Resposta à Graça
A Igreja Católica ensina que as obras não são uma forma de “ganhar” a salvação por mérito próprio, mas a resposta natural e necessária à graça de Deus. Quando somos transformados pela fé, essa transformação se manifesta em atos concretos de amor.
Paulo também confirma isso:
“Porque somos criação de Deus, realizada em Cristo Jesus para as boas obras, que Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos” (Efésios 2,10).
As obras são o fruto inevitável de uma vida de fé autêntica.
Implicações Práticas
Para nós, cristãos, Mateus 25,33-36 é um chamado à ação. Não basta crer; é necessário viver a fé em gestos concretos de amor. Devemos perguntar:
Estou ajudando os necessitados ao meu redor?
Minha fé se manifesta em obras de caridade?
Estou reconhecendo Cristo no próximo?
Essas perguntas são fundamentais para uma vida cristã coerente e para refutar a noção de que a fé sozinha é suficiente.
Conclusão
Mateus 25,33-36 ensina que a fé verdadeira é inseparável das obras. A salvação é um dom gratuito de Deus, mas exige nossa colaboração ativa em obras de amor e misericórdia. Ao refutar o “sola fide”, essa passagem nos lembra que ser cristão não é apenas acreditar, mas viver como discípulo de Cristo, traduzindo nossa fé em ações concretas que refletem o amor de Deus ao mundo.
Que essa mensagem nos inspire a sermos “ovelhas” que, transformadas pela graça, produzem frutos de justiça e misericórdia para a glória de Deus. 🙏
Por Minha Fé Católica - 16/04/2025