Mateus 7,21-22
Introdução
O texto de Mateus 7,21-22 nos apresenta uma lição fundamental para a vida cristã, que dialoga diretamente com a questão da fé e das obras:
“Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres?’”
Fé e Obras: Um Chamado à Vida Autêntica
O ensinamento de Jesus mostra que o simples ato de professar a fé com palavras, sem que esta seja acompanhada por ações concretas, não é suficiente para entrar no Reino dos Céus. Ele aponta para a importância de “fazer a vontade do Pai”, o que implica uma vida vivida em amor, serviço e obediência à vontade divina.
A doutrina católica rejeita a ideia de “sola fide” (somente a fé), defendida por alguns grupos protestantes, que afirma que a fé sozinha basta para a salvação. A Igreja ensina que, embora a fé seja o fundamento da vida cristã, ela deve ser expressa e confirmada por atos concretos de caridade e obediência (cf. Tiago 2,14-17).
A Vontade do Pai: O Caminho das Obras
Jesus nos convida a agir de acordo com a vontade de Deus, o que vai além de manifestações externas de religiosidade. Fazer a vontade do Pai significa praticar a justiça, amar o próximo, perdoar, ser misericordioso e cuidar dos necessitados. São essas obras que revelam a autenticidade de nossa fé.
Como o apóstolo Tiago escreve em sua carta:
“Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma” (Tiago 2,17).
Dizer “Senhor, Senhor” é reconhecer Jesus como Mestre, mas fazer a vontade do Pai é seguir o exemplo d’Ele, que viveu uma vida de doação e serviço.
A Relação entre Fé e Obras
Na visão católica, fé e obras são inseparáveis. A fé é um dom de Deus que nos transforma interiormente, mas as obras são a manifestação visível dessa transformação. As boas obras não são uma tentativa de “comprar” a salvação, mas uma resposta de gratidão e amor à graça que já recebemos.
O Catecismo da Igreja Católica afirma:
“A graça santificante é o dom gratuito e sobrenatural que Deus nos dá para nos tornarmos seus filhos e nos tornarmos capazes de agir por amor a Ele” (CIC 1999).
Portanto, as obras fluem naturalmente de uma fé viva e autêntica.
Aplicação Prática
Esse ensinamento nos convida a examinar nossa própria vida: Será que nossa fé é genuína, sendo expressa em atitudes concretas? Ou estamos limitados a uma vivência superficial, sem transformação interior e ações práticas? A vida cristã exige coerência: fé e obras, oração e ação.
Assim, ao refletirmos sobre Mateus 7,21-22, percebemos que a fé que salva não é apenas uma crença intelectual, mas uma adesão viva e operante ao Senhor. A verdadeira fé nos leva a viver segundo a vontade de Deus, traduzindo-se em obras de amor que refletem o Reino de Deus aqui e agora.
Que possamos, iluminados por este ensinamento, viver uma fé que transforma, servindo a Deus não apenas com palavras, mas com nossas ações, para sermos instrumentos vivos da Sua vontade. 🙏
Por Minha Fé Católica - 16/04/2025